No silêncio da mesa, há histórias que continuam vivas

Há lugares que continuam cheios, mesmo quando parecem vazios.

Há mesas que guardam histórias.
Mesmo quando ninguém fala, mesmo quando o ambiente parece quieto demais, há detalhes que contam aquilo que não se diz: a cadeira que ficou vazia, o hábito que já não acontece, o olhar que se perde num ponto que só o coração reconhece.

O silêncio à mesa é, muitas vezes, a presença de quem partilhou vida connosco.
Presenças que não desapareceram… apenas mudaram de forma.
Continuam no sabor de uma receita que aprendemos com alguém especial, no modo como colocamos os talheres, na memória súbita despertada por um cheiro ou por uma tradição que insistimos em manter.

Esses pequenos sinais tornam-se laços invisíveis que ligam o ontem ao hoje.
E é aí, nesse espaço discreto entre um gesto e outro, que percebemos como o amor permanece, mesmo quando a presença física já não está.

Muitas vezes, é à mesa que o coração se revela com mais clareza.
Entre o som suave dos pratos e o respirar contido, surge uma emoção que não pede explicação: saudade, ternura, dor, gratidão — todas convivem nesse mesmo lugar.
E é natural que assim seja. A mesa sempre foi espaço de encontro, partilha e afeto.

O silêncio pode doer, mas também pode aquecer.
Pode lembrar o que foi perdido… e lembrar, ao mesmo tempo, o que continua vivo.
Porque recordar não é reviver a dor — é honrar a história.
É dar continuidade ao amor na forma como mantemos os rituais, repetimos receitas, ou simplesmente paramos um instante para sentir.

Talvez este seja o verdadeiro simbolismo de uma mesa: um ponto de encontro entre o passado e o presente, onde o silêncio se transforma em linguagem e onde o amor ganha novas formas de existir.

Que cada silêncio à mesa — neste Natal ou em qualquer outro dia — possa ser acolhido com gentileza. Que seja espaço de memória, mas também de reconforto.
Porque as histórias vividas com verdade não desaparecem: permanecem, renascem, e continuam a acompanhar-nos… sempre.

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